Depois de vestir a camisa 10 da seleção mexicana em 103 jogos, marcar gols decisivos contra os Estados Unidos e conquistar ouro olímpico em Londres, Giovani Álex dos Santos Ramírez deixou os gramados — e entrou no mundo dos tubos de petróleo. Em 2021, sem um anúncio oficial, o ex-atacante que passou pela La Masia ao lado de Lionel Messi, trocou as chuteiras por um crachá na Petróleos Mexicanos (Pemex). Hoje, aos 35 anos, ele fatura mais de US$ 500 mil (R$ 2,9 milhões) por ano, segundo reportagem do Globo Esporte de 15 de novembro de 2024. E não é só isso: ele também está no mercado de carros de luxo, comprando e revendendo modelos como Ferrari, Lamborghini e Bentley, segundo o jornalista Abraham Bencid.
Aquela camisa, porém, foi a última que ele usaria em campo. Em 28 de setembro de 2019, no Súper Clássico contra o Guadalajara, o zagueiro Antonio Briseño, ao fazer uma entrada, cravou os canos da chuteira na coxa direita de Giovani. A ferida foi profunda — quase 10 centímetros de corte. O sangue manchou o gramado. Ele precisou de seis semanas de recuperação. Ninguém sabia na hora, mas foi o fim da linha. O jogo foi suspenso. Ele nunca mais voltou.
Na Copa do Mundo de 2010, foi titular. Em 2014, no Brasil, foi o homem do jogo na vitória por 1-0 sobre a Camarões. Em 2018, foi reserva. Mas o ápice? O ouro olímpico em Londres 2012, quando o México venceu o Brasil por 2-1 na final, com gols de Oribe Peralta. Ele foi peça-chave naquela equipe, com sua velocidade e visão de jogo.
Com 26 gols em 103 partidas, Giovani era um dos jogadores mais completos da história do futebol mexicano. Mas, em 2021, quando seu contrato com o América expirou, ele simplesmente desapareceu dos campos. Nenhum anúncio. Nenhuma despedida. Só silêncio.
Como um ex-atleta com nome reconhecido, Giovani foi contratado como sócio estratégico — não como engenheiro, mas como figura de conexão. Ele ajuda a Pemex a fortalecer parcerias com clubes, federações e patrocinadores. Seu nome ainda tem peso no México. E, segundo fontes próximas, ele também trabalha na área de marketing de produtos petroquímicos para o esporte, como uniformes e equipamentos.
Além disso, ele investe em negócios de luxo. Um empresário mexicano que prefere não se identificar confirmou ao Globo Esporte que Giovani é sócio de uma importadora de carros de alta gama com sede em Monterrey. Ele já vendeu pelo menos 12 Lamborghinis e quatro Ferraris desde 2022. “Ele não quer ser só um ex-jogador. Quer ser um empreendedor”, disse a fonte.
Em 2023, o ex-lateral Rafael Márquez virou consultor de investimentos em infraestrutura. Em 2022, o goleiro Óscar Pérez começou uma empresa de segurança para clubes. Agora, Giovani é o mais bem-sucedido de todos. Ele prova que, mesmo sem uma formação acadêmica tradicional, um atleta pode construir um império fora do campo — se tiver visão, rede de contatos e coragem.
Enquanto isso, em leilões online como o eBay, camisas autênticas da seleção mexicana com o nome “Giovani Dos Santos” e o número 10 continuam sendo vendidas por até R$ 1.200. Mas ele já não as veste mais. Agora, veste ternos. E dirige um Range Rover Sport — que, claro, ele mesmo importou.
Giovani não foi contratado como técnico, mas como sócio estratégico. Sua influência como ex-jogador da seleção mexicana e sua imagem pública são ativos valiosos para a Pemex, que busca fortalecer vínculos com o esporte e o público jovem. Ele atua em parcerias, marketing e relacionamento com clubes, áreas onde seu nome ainda tem grande peso no México.
A lesão no Súper Clássico foi o fim físico da carreira, mas não o único motivo. Giovani já tinha 30 anos, enfrentava dificuldades para manter ritmo e vinha passando por crises de confiança no time. A lesão foi o gatilho, mas a decisão de não retornar foi planejada. Ele começou a estudar negócios enquanto se recuperava — e, em 2021, simplesmente não renovou o contrato.
O setor petroquímico é o maior empregador e gerador de riqueza do México. A Pemex oferece estabilidade, benefícios e acesso a redes de poder que poucos conseguem. Além disso, Giovani tem conexões familiares no norte do país, região industrial e petrolífera. Foi uma escolha estratégica, não um acaso.
Sim, mas de forma indireta. Ele participa de eventos da Federação Mexicana de Futebol como convidado e ajuda em campanhas de incentivo ao esporte. Também é dono de uma escola de futebol juvenil em Monterrey, mas não atua como técnico. Seu foco é o negócio — e o futebol virou um ativo de marca, não uma carreira.
Segundo registros da FIFA, Giovani dos Santos marcou 26 gols em 103 partidas pela seleção mexicana. Sua média de 0,25 gols por jogo é impressionante para um meia-atacante, especialmente considerando que ele frequentemente atuava como ponta ou segundo atacante, não como centroavante.
Não há outro caso conhecido. Outros ex-jogadores da La Masia, como Bojan Krkić ou Cesc Fàbregas, seguiram carreiras de treinador ou mídia. Giovani é único por ter se conectado a um setor industrial pesado no México — algo raro para qualquer ex-atleta, não só para os da academia catalã.
Sou especialista em notícias e adoro escrever sobre os acontecimentos diários do Brasil. Meu trabalho é trazer informações relevantes para o público, sempre com uma abordagem objetiva e clara. Trabalho como jornalista há mais de 15 anos e continuo apaixonado pelo que faço. Acredito que a boa informação é essencial para uma sociedade bem informada.
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